Uma tragédia de enorme dimensão veio se somar ao sofrimento e à tensão que têm assombrado o Líbano e os libaneses. Tudo somado, o país parece estar à beira do precipício.
As explosões no porto de Beirute destruíram tudo que havia no entorno, atingiram bairros distantes e fizeram vítimas que ainda serão contadas. Jornalistas calejados por muitas guerras dizem nunca ter visto cenário parecido. Desespero e choque tomaram conta de todos.
Desde o primeiro momento, entram em competição teses diversas sobre o que teria acontecido. A verdade só será sabida com algum tempo, mas algumas das versões têm o objetivo, ou o efeito, de aprofundar as divisões na sociedade e na política libanesas.
A divisão é uma constante num país mergulhado em grave crise econômica, forçado a restituir um lockdown por conta da Covid-19, sempre à beira da próxima confrontação militar com Israel e ocupando uma posição singular na disputa entre os grandes projetos políticos que disputam a primazia no Oriente Médio.
A crise econômica é o resultado de um longo processo que combinou corrupção e irresponsabilidade fiscal ao longo de pelo menos trinta anos, com a complacência do Ocidente, que aceitava alimentar a drenagem de recursos. Isso, retrospectivamente, tinha por objetivo justamente a manutenção do Líbano prisioneiro de certas orientações políticas. Hoje, com inflação explodindo, descontrole do câmbio, restrição de moeda e um confisco extraoficial dos depósitos bancários, o Ocidente só parece disposto a agravar a situação.
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