22/04/2020

Sob encomenda

A cúpula das Forças Armadas experimenta sensação de total desconforto com o que Jair Bolsonaro falou no domingo (19) em frente ao QG do Exército em Brasília, caracterizando o encontro como um ato pró-golpe. “Acabou a época da patifaria!” e “Não queremos negociar” ou ainda “Vocês têm obrigação de lutar pelo país de vocês!” – são frases da declaração de guerra do Chefe do Governo, embora não se saiba exatamente contra quem, enquanto nos cartazes se lia: “Urgente! Não tem conversa, o povo clama por justiça! Intervenção militar já!” e “A voz do povo é soberana. Somos todos Bolsonaro”. Ou seja, era uma manifestação sob encomenda em meio a pandemia que assola o país.

Uma intervenção militar, à essa altura, em meio à tragédia do coronavírus e mesmo diante da não concordância das Forças Armadas, incluindo ministros militares do governo, pela democratização, é fora de cogitação. Resta pretexto de medidas excepcionais (seria necessário apoio do Congresso). E adiante da economia arrasada pela pandemia resta ainda a eleição de “novos inimigos” para reforçar a imagem para a reeleição em 2022. E quando ele fala em “não negociar”, significa que a tentativa de ganhar novos aliados, inclusive do Centrão, já estão naufragadas.

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