25/04/2020

O disse que não disse de Moro

O ex-ministro da Justiça Sergio Moro disse em 20 de janeiro, ao programa de entrevistas Roda Viva, da TV Cultura, que “nunca houve qualquer interferência indevida do presidente” em investigações da Polícia Federal. Nesta sexta, ao pedir demissão, ele afirmou que Bolsonaro queria uma pessoa de seu “contato pessoal” em cargos de comando na PF para poder “ligar” e “colher informações”. Para ele, a troca do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, seria interferência política na instituição.

“Não haveria uma causa para essa substituição. E estaria claro que estaria havendo ali uma interferência política na Polícia Federal, o que gera um abalo na credibilidade, não minha, mas minha também, mas também do governo”, declarou. No início do ano, contudo, o discurso foi diferente.Moro admitiu que nem todas as decisões do Ministério da Justiça eram suas. Questionado sobre a medida que suspendeu o funcionamento de radares de velocidade em rodovias, o então ministro disse que a decisão foi do presidente Jair Bolsonaro.

“Veja, eu fui convidado pelo presidente Jair Bolsonaro para ser ministro e nós assumimos 1 compromisso de 1 núcleo duro, combate à corrupção, combate ao crime organizado e combate à criminalidade violenta…Agora, eu sou ministro do Poder Executivo e existe 1 chefe do Poder Executivo, existe uma cadeia de comando”, explicou.

Moro disse ainda à época que algumas ideias que ele pôs em prática eram escolhas políticas do presidente, como a dos radares. Ele, entretanto, ressalta que respeita as decisões de seu superior.

“Eu não me manifestei publicamente em contrário. Houve 1 pedido de informações e nós encaminhamos informações ao Congresso. Eu não contrario publicamente o presidente. Existe aí, evidentemente, uma cadeia de comando”, completou.

Já na última 6ª feira (24.abr), o ex-ministro disse que não concordaria com a interferência proposta pelo presidente alegando que recebeu carta branca para trabalhar na pasta quando entrou para o governo.

“É, não é uma questão do nome [de Valeixo]. Tem outros bons nomes para assumir o cargo de diretor da Polícia Federal, outros delegados igualmente competentes. O grande problema de realizar essa troca [na PF] é que primeiro haveria uma violação de uma promessa que foi feita inicialmente, que eu teria carta branca.”

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