24/04/2020

BOLSONARO, CRISE E MORO.


. Os tijolinhos do impeachment de Bolsonaro estavam sendo colocados pelos seus adversários desde que o presidente minimizou a gravidade do coronavírus. Havia e há fundamento na sua preocupação com a economia, houve certamente desproporcionalidade na adoção de medidas restritivas por governadores e prefeitos, a situação brasileira é melhor que a dos países mais afetados no mesmo dia de suas respectivas epidemias - e talvez continue assim até o final (Deus queira) -, mas a potencialidade destrutiva do vírus, turbinada por um inédito acompanhamento online da contagem de suas vítimas, é verdadeira, e os opositores de Bolsonaro no Congresso, na imprensa e no STF captaram a oportunidade. 
A novidade é que o próprio presidente coloca novos tijolos nesta construção ao remover o diretor-geral da Polícia Federal sem a aquiescência do Ministro da Justiça, Sérgio Moro, homem honrado e símbolo maior da luta contra a corrupção no Brasil.
A entrevista coletiva de Moro surpreende. Como numa espécie de revelação de relacionamento abusivo, ouvimos pela primeira vez da própria vítima que o seu algoz já a assedia faz tempo. Lembro da presença do ministro no programa Roda Viva no final de janeiro, por exemplo, e a impressão que tive foi diametralmente oposta à de hoje. Muitas pessoas chegaram à mesma conclusão. A entrevista também veicula elementos que certamente não passarão despercebidos, seja por adversários, seja por apoiadores do presidente. 
Entre os adversários, vários já falam em utlizar a coletiva para remover Bolsonaro do cargo, como o presidente da OAB nacional, que tem usado a entidade para fazer militância político-partidária desde o primeiro dia que a assumiu. Entre os apoiadores, de outro lado, as ações de Bolsonaro certamente não serão recebidas com a mesma complacência que um presidente petista poderia esperar de seu eleitorado, por exemplo.
Tudo em meio de uma crise sanitária e financeira épica, em que o ânimo da população é muito baixo. Pequeno dia.
Bolsonaro anunciou que fala às 17h. Vamos acompanhar.

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